‘Rolava tudo’, diz Thalles sobre vida antes de sucesso na música gospel (Postado por Lucas Pinheiro)
“Eu estava em um hotel em Curitiba com um amigo no quarto, a gente estava usando drogas. Ele começou a me agredir com algumas palavras, dizendo que meu objetivo era destruir a vida das pessoas. Ele me ofendeu muito. Naquele momento eu comecei a refletir sobre tudo o que eu estava fazendo”, diz Thalles em entrevista ao G1.
Hoje casado e pai de dois filhos, de três e cinco anos, o cantor e pastor evangélico é o maior sucesso de público gospel brasileiro. Foi o maior vencedor do Troféu Promessas de 2012 e cantou no festival homônimo, transmitido pela TV Globo no sábado (15).
G1 - No Troféu Promessas, você agradeceu à Ana Paula Valadão [cantora do Diante do Trono], disse que ela era um exemplo. Por quê?
Thalles - Quando comecei a acompanhar a música gospel, ainda estava no Jota Quest. Ouvia a Ana Paula cantando e me sentia intrigado. Como uma pessoa no começo de sua juventude abria mão disso para viver Deus? Não era o que eu vivia, e isso me deixava confuso. Hoje consigo entender uma pessoa jovem dar sua vida para Deus. O jovem quer curtir, quer balada, quer festa, quer aproveitar sua juventude. Ela gastou a juventude dela falando de Deus. Isso é um exemplo para todos nós.
G1 - O que te fez mudar de ideia?
Thalles - Foi a minha conversão mesmo. A minha aceitação de Jesus como salvador. Mudei de opinião e comecei a olhar as coisas com a perspectiva de Deus. É muito legal ser um instrumento, andar pelo Brasil falando de Deus. Hoje faço parte desse time.
G1- Metade das atrações do Festival Promessas [Thalles, Diante do Trono e André Valadãox] veio de uma igreja só, a Batista da Lagoinha de Belo Horizonte. É uma igreja milagrosa? Qual é sua história nela?
Thalles - Ela é muito especial. A música gospel mineira tem uma proporção gigantesca no meio. Tem uma pessoa especial, o Pastor Márcio Valadão, pai do André e da Ana Paula. E é “meu pai” também, me ajudou muito no início da carreira - financeiramente, espiritualmente, como amigo, orando por mim, pagando minhas dívidas, minhas contas, me aceitando e deixando participar do culto. Lá é sim um celeiro de talentos.
G1 - Quanto tempo você tem de carreira, e quanto na música evangélica?
Thalles - Eu canto desde cinco anos, estou com 35. Carreira eu considero desde que se começa a levar a música a sério. Aos 15 anos eu decidi não fazer nada além de cantar. Então são 20 anos. Música gospel são três anos. É um tempo curto para esse nível de reconhecimento. Mas eu acredito que é uma coisa de Deus mesmo, ele me separou para fazer isso.
G1 - Qual a diferença, para você, entre ser músico e ser músico gospel?
Thalles - A mensagem mesmo. O que o músico secular que falar é da vida dele - amor, namoros, traições, noitadas. A gente fala das nossas experiências com Deus. A alegria que sentimos, a bênção que é você não guiar sua vida, mas deixar Deus dirigir tudo.
G1 - No clipe de “Deus da minha vida” você conta uma história sobre iluminação. Como aconteceu?
Thalles - Eu estava em um hotel em Curitiba com um amigo no quarto, a gente estava usando drogas. Ele começou a me agredir com algumas palavras, dizendo que meu objetivo era destruir a vida das pessoas. Ele me ofendeu muito. Naquele momento eu comecei a refletir sobre tudo o que eu estava fazendo, a maneira que estava conduzindo minha vida, minhas baladas, noitadas, “chapações”. Meu contato com a droga vinha me prejudicando e também às outras pessoas. Decidi voltar para a casa do pai. Foi como se a luz de Deus viesse dentro do meu quarto e dissesse: “Meu filho, você esta perdido pra caramba, precisa endireitar seu caminho”.
G1 – Era uma viagem de turnê?
Thalles - Estava em turnê com o Jota Quest.
G1 – E como você fez? Anunciou no outro dia que ia sair da turnê?
Thalles - Comecei a pedir para Deus em orações para mostrar o meu caminho. Eu não tinha como sair, dali eu tirava meu pão, o sustento da minha família. E Deus começou a me levar para o caminho que ele tinha para mim. As coisas começam a acontecer sem que você tenha controle sobre elas. As portas começaram a se abrir. Depois disso eu ainda fiquei dois anos no Jammil e Uma Noites. Depois é que eu realmente decidi sair. Primeiro eu parei de fumar, de usar drogas, de me prostituir. Fui cortando tudo o que me atrapalhava e atrapalhava a vida das pessoas.
G1 - Se prostituir em que sentido?
Thalles - No sentido de pegar todo mundo, pegar mulher casada, ficar com um monte de mulher, fazer suruba, rolava tudo. Aí Deus foi me ensinando que a vida não era assim, eu tinha sido criado para ter uma família, para viver uma vida em paz.
G1 - Você já compôs para artistas seculares como Seu Jorge. Pretende continuar fazendo isso?
Thalles - Não, agora estou 100% com o gospel. A gente fala da nossa verdade, e aquilo não é minha verdade. Eu faço algumas músicas românticas, canto para minha esposa. Talvez no futuro a gente possa gravar um disco de músicas românticas para a família.
G1 - Seu show tem presença de black music. Quais são suas influências musicais?
Thalles - Lionel Ritchie, Stevie Wonder, Michael Jackson, Lenny Kravitz, Dianna Ross. Foram as coisas que eu mais ouvi. Também Mariah Carey, Boyz II Men.
G1 - Ainda escuta música secular?
Thalles - Hoje eu não ouço nem música secular nem gospel. Eu quero tirar a minha essência do coração.
G1 - Como você avalia hoje sua experiência no Jota Quest?
Thalles - Foi muito positivo. Eu sou amigo dos meninos até hoje, a gente conversa sempre. Acho que eu aprendi muito ali. Acho que meu som não tem nada a ver com Jota Quest. Mas aprendi a passar a verdade ali no palco. Ter presença de palco, fazer entrevistas. Foi um tempo de muito aprendizado em todos os aspectos.
G1 – Mas voltaria para uma turnê?
Thalles - Não, em hipótese alguma.
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