quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Turismo religioso leva 10 milhões de pessoas por ano a Aparecida, SP (Postado por Erick Oliveira)

Todos os anos, mais de 10 milhões de pessoas seguem para a cidade de Aparecida, no interior de São Paulo, em busca de paz, conforto espiritual e também para pagar e fazer promessas. É no município que está instalado o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Quase no meio do caminho entre Rio de Janeiro e São Paulo, quem segue pela Rodovia Presidente Dutra não tem como deixar de ver a basílica nova, que chama a atenção por suas belezas e dimensões. A igreja e pontos próximos, incluindo o local onde a imagem de Nossa Senhora foi encontrada em 1717, transformaram Aparecida em um dos principais destinos religiosos do Brasil.
(Nesta segunda-feira, 21, o G1 deu início a uma série sobre turismo em todos os estados onde está presente. A primeira semana da série será no estado de São Paulo. Outros destinos escolhidos serão as praias desertas e o turismo de aventura. Se você tiver dicas de destinos no estado, com descrição e fotos, envie ao VC no G1.)
A estrutura é enorme – além da basílica, que tem 18 mil m² de área coberta e capacidade para até 35 mil pessoas, há uma torre com 107 metros de altura com um mirante, estacionamento para 2 mil ônibus e 3 mil carros e um Centro de Apoio ao Romeiro que, em 8,2 mil m², tem 330 lojas, 36 quiosques, 22 restaurantes e lanchonetes, aquário e parque de diversões.
Pessoas do Brasil inteiro visitam a basílica todos os dias. Nesta segunda-feira (21), por exemplo, um dos grupos que estava no complexo era de Serra Dourada (BA).
A professora Cleonice Moreira da Silva, 54 anos, enfrentou 24 horas de viagem de ônibus para chegar a Aparecida. “A gente olha e fica entusiasmada com tudo. A Sala dos Milagres é uma coisa espetacular, o Santuário é incrível”, afirmou. “Eu mesma já consegui milagres, coisas que a medicina não foi capaz de explicar, e Nossa Senhora nos concedeu. Meu filho tinha uma hérnia, que já era para fazer cirurgia, eu fiz a promessa de trazer ele aqui se Nossa Senhora concedesse a graça da cura para não precisar de cirurgia. Em um mês a hérnia desapareceu. O médico ficou abismado. É algo que só a mãe de Deus pode realizar.”
Os números impressionam. O ano de 2010 foi o com mais visitantes: 10.380.000 pessoas. O dia 12 de outubro com mais visitantes foi em 1996, quando 215 mil romeiros foram ao Santuário no dia da padroeira. Entretanto, o dia com mais visitantes foi 14 de novembro de 2010 – 245 mil.
Imagem
A principal atração do Santuário Nacional é a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Ela mede 39 centímetros, incluindo o pedestal, e fica instalada em uma das paredes da basílica. Um corredor especial para a passagem dos romeiros foi montado. A imagem foi encontrada em 1717 por três pescadores no Porto do Itaguaçu, no Rio Paraíba. Primeiro, o corpo da santa, sem cabeça, caiu na rede dos pescadores. Depois foi a vez de a cabeça ser encontrada. Após o encontro da imagem, a pesca foi muito abundante segundo os relatos da época – foi quando os pescadores perceberam que se tratava de um milagre.
Em 1745 foi construída a primeira igreja para Nossa Senhora. Em 1845 foi iniciada a construção da basílica velha. Mais de um século depois, em 1946, foi lançada a pedra fundamental para a basílica nova, onde atualmente está o Santuário Nacional. A imagem da santa foi transferida para a nova igreja em 1982. Dois anos depois, em 1984, a basílica nova foi declarada oficialmente como Santuário Nacional pela Igreja.
O porto onde a imagem foi encontrada também é um ponto turístico de Aparecida. A cerca de 2,5 km da Basílica, o Porto do Itaguaçu marca o local onde os pescadores encontraram a santa. Em 1997, as instalações foram renovadas e atualmente há um local para acender velas, sanitários e área para passeio de balsa pelo Rio Paraíba.
Sala dos Milagres
Outro ponto bastante procurado da basílica é a Sala dos Milagres – instalação onde romeiros podem deixar fotos e objetos para agradecer pelas realizações de Nossa Senhora. A sala tem 1,3 mil m², onde dez funcionários trabalham. Mensalmente, cerca de 18,5 mil objetos são doados. Aproximadamente 70 mil fotografias estão expostas na sala – que tem seu teto recoberto por elas.
Uma das fotos que está na sala é do filho da dona de casa Euci Bonifácio, 58 anos. “O Emerson tinha bronquite, e eu prometi a Nossa Senhora que se acabasse o problema eu ia trazer uma foto dele”, contou ela, que costuma ir ao Santuário três vezes por ano. “Eu também sou um milagre, tem um ano que fiz uma cirurgia na coluna, pedindo a Nossa Senhora que me ajudasse, e estou aqui hoje, com oito parafusos. Deu tudo certo.”
Nesta segunda-feira, ela visitava o Santuário com o filho Emerson Bonifácio e com a nora. “A gente acredita muito, às vezes a gente dá uma rateada por algumas coisas que acontecem na nossa vida, mas a gente tem que sempre acreditar”, contou Bonifácio, que mora no Rio de Janeiro e aproveita as visitas à mãe para ir até Aparecida. “Cada dia que passa a gente tem que acreditar mais e saber que a gente é protegido. Você sente uma segurança, uma paz, uma força de espírito aqui.”
Sugestões
Nascida e criada em Aparecida, Dilvane Aparecida Mariano, de 36 anos, trabalha em uma editora dentro do Santuário e já foi guia turística na região. “O presépio, por exemplo, muitas pessoas não sabem que existe, não sabem o que é aquilo, se pode entrar, e é muito legal. O Porto do Itaguaçu também, onde começou tudo. Tem um passeio de charrete para lá muito gostoso também. E quem quiser ver a região pode subir no mirante”, afirmou.
O mirante fica no 16º andar da Torre Brasília, anexa à basílica, e dele é possível ver parte da cidade, do Santuário e até a Via Dutra. Para subir, é necessário pagar um ingresso de R$ 3 por pessoa. É preciso ficar atento aos horários de funcionamento - segunda a sexta, das 9h às 16h30; sábado das 7h às 17h; e domingo das 7h às 16h30. No primeiro andar da torre fica um museu com peças religiosas.
Quem não quiser perder nada deve ficar atento para visitar as cinco capelas – duas delas na parte exterior da basílica: Capela do Santíssimo, onde estão mosaicos italianos presenteados pelo Papa João Paulo II; Capela da Ressurreição, onde ficam os restos mortais dos bispos que atuaram na Arquidiocese de Aparecida; Capela São José; Capela do Batismo; e Capela das Velas, onde os fiéis podem acender velas diariamente das 6h às 19h.
Do lado de fora da igreja, também há atrações. Quem estiver atento aos detalhes poderá apreciar as estátuas dos 12 apóstolos instaladas nas pilastras do Pátio João Paulo II - na saída para o Centro de Apoio aos Romeiros. Cada peça, feita com cimento e cobre, pesa quatro toneladas e tem quatro metros de altura.
Quem ainda tiver ânimo pode visitar o presépio em tamanho natural montado em um dos morros do complexo. Em uma área total de 7.345 m² estão representados um campo de pastores com suas ovelhas, a Trilha dos Reis Magos, os anjos do anúncio do nascimento de Jesus e uma estrela suspensa sobre raios de mais de dez metros de altura.
Dicas e cuidados
Antes de seguir para Aparecida, a administração do Santuário Nacional recomenda que os romeiros verifiquem as orientações que estão no site da basílica. É possível ver a previsão do número de visitantes para os fins de semana e se familiarizar com a estrutura do local. É recomendado que os visitantes levem protetor solar e itens para se proteger do sol – fora dos ambientes fechados, há poucas sombras no complexo.
A rede hoteleira de Aparecida tem 160 estabelecimentos e 31 mil leitos. Quem conhece a região recomenda a estadia nos hotéis que ficam próximos à basílica nova.
Guaratinguetá
Ao lado de Aparecida está a cidade de Guaratinguetá, onde nasceu Frei Galvão, o primeiro santo nascido no Brasil. Santo Antônio de Sant'Ana Galvão foi canonizado pelo papa Bento XVI durante sua visita ao Brasil em 11 de maio de 2007. Segundo a Prefeitura da cidade, cerca de 120 mil pessoas visitam o município por mês – a maior parte em busca da trajetória do santo.
As principais atrações da cidade são a casa onde Frei Galvão nasceu, onde são expostas relíquias dele – entre elas, um cordão franciscano, um fragmento de um de seus ossos e de seu hábito, medalhas e tecidos que envolveram seu corpo após sua morte em 1822.
Recém-curado de um câncer, o aposentado Hudson Brandão de Araújo, de 72 anos, de Natal, aproveitou uma visita ao Rio de Janeiro para estender a viagem e fazer o circuito religioso no interior de São Paulo. A primeira parada foi a Casa de Frei Galvão. “Eu acho impressionante essa região, a fé das pessoas”, afirmou.
Bem próxima à casa, também no Centro da cidade, fica a Catedral de Santo Antônio, onde o frei foi batizado e realizou sua primeira missa. O município ainda abriga a Igreja de Frei Galvão, dedicada ao santo.
Em todos esses locais são distribuídas as pílulas de Frei Galvão - três pedaços de papel com o versículo do Ofício da Santíssima Virgem que devem ser tomados em um intervalo de nove dias para a conquista de graças.

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