terça-feira, 29 de setembro de 2009

Nós entendemos ecumenismo como utopia"(postada por Simone Paim)

O presidente da Aliança Evangélica Brasileira em Mato Grosso do Sul (AEVB-MS), apóstolo Edílson Vicente da Silva, é o entrevistado da semana. Aqui, na condição de principal dirigente de uma entidade que reúne igrejas evangélicas de várias denominações, ele fala sobre o avanço do Cristianismo, especialmente das igrejas envangélicas, não fugindo de responder a questões acerca da facilidade com que hoje se abrem igrejas. Ele prefere ver esse movimento como uma resposta ao chamado de Cristo para o seu povo nos tempos atuais. O presidente da AEVB-MS também fala sobre pontos polêmicos como ecumenismo, devolução de dízimos e homossexualismo. Quanto ao homossexualismo, Edilson Vicente da Silva faz questão de enfatizar que não há qualquer preconceito com relação aos homossexuais, destinatários do amor de Cristo, mas enfatiza que tal prática fere as leis de Deus.
THIAGO GOMES DA SILVA
O movimento evangélico tem experimentado um significativo crescimento nos últimos anos, com abertura de novas igrejas, especialmente as chamadas comunidades ou igrejas independentes. A que pode ser atribuída essa nova onda de expansão?
Na verdade não é uma onda, uma vez que esse crescimento persiste há mais de 20 anos. Este avanço contínuo da igreja evangélica como um todo, e principalmente das comunidades independentes, é porque elas pregam o Evangelho de Jesus Cristo. Utilizam uma linguagem ao alcance do povo, talvez de maneira menos erudita, mas nem por isso menos eficiente, que vai diretamente ao encontro de suas necessidades mais prementes. Além disso, há uma preocupação na formação de líderes que estarão no meio da comunidade, vivendo com eles, comendo com eles, ensinando, servindo, e isto, seguramente, fortalece os laços, fazendo com que a igreja cresça e permaneça em crescimento.
Junto a esse crescimento nota-se que muitos líderes, alguns deles sem qualquer cobertura espiritual tida como séria ou uma formação teológica desejável, estão se intitulando pastores e abrindo as "próprias" igrejas. Como uma pessoa que busca uma igreja séria pode se precaver para não ser vítima de aventureiros espirituais, de mercadores da fé?
Quanto aos critérios para se escolher uma igreja, entendemos o seguinte:
1) A igreja é a Casa de Deus. Trata-se essencialmente de espiritualidade, algo não tangível, e que, por isso mesmo, torna-se muito dificil definir regras para que alguém frequente essa ou aquela igreja. Dependerá do seu gosto, dos seus critérios pessoais de escolha.
2) Podemos dizer que a árvore se conhece pelos frutos e o líder deverá mostrar, no âmbito de seu ministério, frutos compatíveis com a Palavra de Deus.
O quadro atual não indica que já estaria na hora da aprovação de leis - apesar de o Estado ser laico - estabelecendo critérios objetivos para a abertura de igrejas?
Olhando pela ótica humanista, pareceria lógico que as igrejas se pautassem pela lei das empresas. Entretanto, o chamamento de alguém, para a obra de Deus, por ser de foro íntimo, não pode ser definido por leis humanas. As coisas de Deus não obedecem à lógica humanista. Deus é espírito, assim como nós também temos um espírito. Não me parece necessária a criação de novas leis, além das que já regulam o segmento, pois, entraríamos pelo perigoso caminho de querer colocar freio às liberdades individuais.
A liberdade de culto é um direito inviolável de todo ser humano, previsto na Constituição do Brasil, e toda tentativa de suprimir esses direitos, não raro, termina em violencia, como tão bem nos mostra a história recente. Se alguém tem um chamado da parte de Deus e leis humanas o contrariarem, não seria isso discriminaçaõ? No passado da igreja, vemos que em Roma ela cresceu dentro das catacumbas; mais recentemente, na Rússia e atualmente na China, a igreja cresce subterraneamente. Não há como impedir que igrejas se levantem, pois são instituições divinas.
Ainda é bastante comum ver pastores ou líderes religiosos condenando ou julgando outras instituições ou igrejas? Esta é uma tendência que deve aumentar ou o caminho natural seria o ecumenismo?
Hoje em dia, não. Houve, no passado, por parte de algumas igrejas, exageros ao sublimar sua doutrina em detrimento de outras. Mas a lei existe para ser cumprida, e creio que hoje todas se respeitam de maneira civilizada. Causou-me, sim, estranheza, a fala do Papa Bento 16, quando de sua vinda ao Brasil, dizendo que as igrejas evangélicas não eram consideradas igrejas. E, sinceramente, não sei se essa postura da igreja católica vai continuar ou não. Mas, da parte evangélica, só posso dizer que aquelas igrejas que partirem para esse estilo (críticas) estarão prestando um desserviço ao Reino de Deus.
Com relação ao ecumenismo, que era defendido por parte da cúria romana, creio que pela declaração do atual papa essa proposta ficou bastante prejudicada. Nós entendemos ecumenismo como utopia, uma vez que, para comungar com alguém espiritualmente, um terá que abrir mão de sua doutrina, o que me parece, a perceber pelo desenrolar da igreja nos anais da historia, algo absolutamente impossível. Agora, isto não quer dizer guerra santa. Podemos andar, conversar, comer juntos, sermos amigos, enfim, mas na hora de cultuar, cada um segue o seu coração.
Qual o papel hoje desempenhado pela AEVB, diante da multiplicidade de denominações existentes no segmento evangélico?
O objetivo precípuo da AEVB, nestes 14 anos de existência em Campo Grande, tem sido buscar a unidade entre os pastores e líderes evangélicos. Assim, temos trabalhado para aglutinar essas lideranças em torno da entidade, pelo que aproveitamos o momento para convidá-las a se afiliarem à Aliança Evangélica Brasileira, com vistas a um fortalecimento ainda maior. Cremos, conforme a Palavra nos diz, que na unidade está a força. Respeitadas as diferentes correntes doutrinárias, que possamos estar unidos em prol da causa maior de Jesus Cristo. A AEVB está aberta a todos os pastores e líderes que desejarem caminhar dentro de uma unidade.

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