Os portões do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, no Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, foram fechados às 8h30 desta quarta-feira (12) por falta de vagas no estacionamento. Todas as 3 mil vagas de carros e 2 mil vagas de ônibus estavam lotadas.
Entre 100 mil e 150 mil pessoas foram a Aparecida para celebrar o dia da padroeira do Brasil. Romeiros de todas as partes do país lotaram as entradas da basílica, a sala de velas e as lojas do centro comercial que funciona dentro do complexo.
Foi a fé que trouxe de Leopoldina (MG) a aposentada septuagenária Soraci Mateus Inácio. Ela conta que a proteção à sua família é “bênção de Nossa Senhora”. “É ela quem cuida do meu filho, que serve ao Exército”, diz a devota, que frequenta o santuário anualmente, há 30 anos. Também a fé fez com que saísse do Rio de Janeiro o rodoviário Roberto Cerqueira. Ele comanda a churrasqueira que anima a excursão de 70 pessoas que também saíram de Seropédica e Guadalupe - cidades do interior fluminense.
Com lágrimas nos olhos, ele explica que é diabético. Os médicos recomendaram a amputação de um dos pés – ambos, mostra ele, continuam inchados. “Eu aceitei o diagnóstico. Beijei uma imagem de Nossa Senhora, coloquei no bolso e fui para o hospital para ser amputado”, conta. Ao chegar ao centro cirúrgico, os médicos desistiram da cirurgia e decidiram que ela não seria mais necessária. “Nem eles acreditaram o milagre que Nossa Senhora me fez”, diz, aos prantos. Veio agradecer.
Há dez anos, a professora Vânia da Cruz veio agradecer a casa que pediu e, segundo ela, foi agraciada. “No mês dela [Nossa Senhora]. Eu me mudei no dia 3 de outubro e, no dia 12, eu já estava aqui com Iracema”. Iracema Ferreira é pensionista e se define como “guia turística” - ela organiza a excursão que vem do Rio de Janeiro. “Tenho muita fé em Nossa Senhora Aparecida, organizo essa caravana há 23 anos”, explica.
Os fluminenses saíram da capital às 20h desta terça-feira (11). Chegaram às 3h desta quarta ao santuário. “Já não tinha mais lugar lá embaixo”, conta Iracema, que sempre ficou mais perto da basílica. O lugar onde a turma come o churrasco está a uma caminhada íngreme de cerca de 15 minutos. “Tinha que ter um transporte, um teleférico pra lá. A gente tem pessoas deficientes, senhoras de 60 anos, que não conseguem descer até lá e subir depois”, reclama.
Ao redor dos romeiros, por todos os lados, há comércio. Barracas de bebida vendem cerveja, refrigerante e água – esta última a R$ 1,50. Lotadas estão as lojas de velas de metro, que saem por R$ 4 – se você mede 1,75 m.
Os felizardos que chegaram antes das 8h30 e conseguiram parar em uma das 2 mil vagas no estacionamento, só para chegar, já desembolsaram R$ 10. E a foto com a basílica ao fundo, oferecida por uma multinacional fabricante de câmeras digitais, sai por, no mínimo, R$ 15 – se levar três impressões, o custo cai para R$ 13 cada.