sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Mais de 2 milhões devem participar do Círio de Nazaré (Postado por Lucas Pinheiro)

 Vai começar a festa da fé do povo paraense. A 220ª edição do Círio de Nazaré terá a jornada mais longa da história, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré vai percorrer mais de 130 km, em quase 40 horas de procissão. Mais de 2 milhões de pessoas são esperadas nas ruas da cidade. Fé, emoção, mobilização, orações e homenagens marcam o segundo domingo de outubro em Belém.

A devoção pela virgem de Nazaré começou com o achado pelo caboclo Plácido da pequena imagem da virgem de Nazaré no igarapé Murutucu, onde foi construída a Basílica Santuário, em Belém. Com milagres atribuídos à santa, começou a ser realizada a procissão do Círio. Décadas passaram e a festa ganhou tradição e proporções gigantescas, que traduzem a devoção de um povo pela padroeira.

 “É uma festa que não dá para ser explicada, só vivendo para conhecer”, afirma Kleber Vieira, coordenador da Festa de Nazaré. “O Círio de Belém é como se fosse a festa pascal do povo paraense, sem tirar o valor da páscoa, que tem o seu tempo litúrgico marcado. É um fenômeno extraordinário, milagroso”, descreve o padre barnabita Giovani Incampo.

“O Círio é a maior festa religiosa do planeta. Em nenhum lugar do mundo 2 milhões de pessoas se reúnem em um mesmo dia”, explica o coordenador da Festa. “Fátima (em Portugal) e Aparecida são maiores se somar o número de pessoas que visitam o ano inteiro. Mas de seis da manhã ao meio dia, com 2 milhões de pessoas, só em Belém”, afirma o coordenador.

Cada um faz sua homenagem
Nas semanas que antecedem o Círio, milhares de pessoas chegam de outros municípios, outros estados e até de outros países a Belém. Alguns já vêm homenageando a santa no caminho, fazendo o trajeto até a capital andando e rezando, para agradecer ou pedir uma graça.

A cidade entra no clima, o cheiro da maniçoba a cada esquina, a decoração dos prédios, o hino “vós sois o Lírio Mimoso” tocando nas rádios e o funcionamento do arraial anunciam a chegada de mais um Círio. Para a realização da festa, órgãos da segurança nacional, local, de trânsito e equipes de primeiros socorros trabalham integrados para garantir a tranquilidade durante as procissões.

 São 11 procissões que fazem parte da festa, cinco delas acontecem antes da grande procissão. Na sexta-feira que antecede o Círio acontece a mais longa, o Traslado para Ananindeua, são 12 horas de romaria onde a imagem peregrina percorre a região metropolitana de Belém em carro aberto, escoltado pela Polícia Rodoviária Federal.

“São 55km. Estamos contando com todos os órgãos de trânsito e também os órgãos de segurança, bem como utilizar a pista do BRT. Vamos colocar as bicicletas nesta pista, para tentar minimizar os efeitos da pista diminuída da Almirante Barroso", explica o Diretor de Procissões da Festa de Nazaré, Augusto Nobre.

Várias homenagens marcam o percurso, as pessoas aguardam a passagem da imagem como se fosse a própria Nossa Senhora que estivesse ali e fosse derramar benções. A sirene da PRF e os fogos anunciam que ela está chegando e, por onde passa, recebe aplausos e o carinho emocionado dos fiéis.

Chegada ao seu destino, na Igreja Matriz de Ananindeua, a imagem segue para mais uma romaria na manhã do dia seguinte: a Romaria Rodoviária, com destino a Icoaraci. No porto do distrito a santa embarca em um navio da Marinha para receber homenagens nas águas da Baía do Guajará. Várias embarcações, decoradas especialmente para a Romaria Fluvial, seguem a imagem peregrina até a Estação das Docas, em uma das mais belas romarias do Círio.

 Na Estação das Docas, motociclistas aguardam a chegada da padroeira para prestar sua homenagem. A Motoromaria segue pelas ruas da capital até a Basílica Santuário. No templo acontecerá um momento raro, a descida da imagem original de Nossa Senhora do Glória, de onde fica guardada durante todo o ano. A imagem, que só desce duas vezes ao ano, no Círio e no aniversário da Basílica, fica mais perto dos fiéis nesta época do ano.

No início da tarde de sábado, as pessoas que vão acompanhar a Trasladação começam a chegar na avenida Nazaré. Os promesseiros da corda vão se posicionando para o início da procissão. Velas, ventarolas e água mineral são distribuídos para a população por empresas e pessoas que pagam alguma promessa.

 Após a missa, a imagem peregrina sai em procissão do Colégio Gentil Bittencout, no bairro de Nazaré, em direção à Igreja da Sé, no bairro da Cidade Velha. Fiéis iluminam a cidade com velas durante todo o trajeto. No dia seguinte, a imagem faz o caminho inverso, sai da Igreja da Sé em direção a Basílica Santuário. Várias homenagens marcam o percurso.

A grande procissão
Domingo, 5h, o sol ainda nem apareceu e uma multidão já aguarda o início da procissão em frente a igreja da Sé. Muitos chegaram da Trasladação e passaram a madrugada ali mesmo, para ver a saída da romaria ou garantir um lugar na corda.

 Antes do início da procissão, o arcebispo metropolitano de Belém preside uma missa, com a participação do clero local e padres de outros estados, convidados para o Círio. Após a missa, uma Ave-Maria é rezada pelas milhares de vozes presentes e a imagem peregrina, vestida com um manto confeccionado especialmente para a ocasião, é colocada pelo coordenador da Festa de Nazaré na Berlinda, repleta de flores.

A romaria começa após um momento marcante, o atrelamento da corda à berlinda, procedimento feito pela Guarda de Nazaré. Além do grupo voluntário católico, as Forças Armadas também dão apoio durante a procissão.

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos do Pará (Dieese-PA), a cada ano, um número maior de romeiros é atraído para participar do Círio. Cerca de 76 mil turistas devem participar do Círio 2012, segundo o Dieese.

 O estudante Rafael Malato acompanha a procissão na corda para pagar uma promessa. “No Círio de 2007 coloquei uma fitinha e fiz a promessa: se eu passasse no vestibular, ia acompanhar na corda sempre que eu pudesse. E ela me ajudou! Só não fui no ano passado, mas neste ano vou”, conta Rafael, estudante de História da Universidade Federal do Pará.

“Mesmo que a pessoa esteja com um problema, ela está lá para pensar em uma solução. E todos aqueles pensamentos bons se unem, é uma positividade muito grande que envolve as pessoas”, afirma Malato sobre a procissão.

Na romaria, os carros dos milagres vão levando objetos de cera, símbolos da devoção do povo paraense à Virgem de Nazaré. Os carros participam do Círio desde 1182, e são conduzidos por alunos das escolas de Belém. Além de objetos de cera, há carros específicos que levam crianças vestidas de anjos. A procissão percorre as principais ruas da cidade. Fogos, chuva de papel picado, coral e artistas famosos cantam os hinos para a rainha da Amazônia.

“Durante anos acompanho a procissão com minha irmã. Nunca fui pagando promessas, apenas prestando homenagem, rezando cantando. Olho a fé das pessoas e me comovo. Um ano acompanhei da arquibancada e de lá dá pra ver bem o esforço da corda. A gente vê aquelas pessoas cansadas e de repente ganham força e cantam ‘Nossa Senhora, pode esperar, que atua corda vai chegar!’”, afirma a professora Dora Cunha. “Diversos momentos são emocionantes, mas a chegada da imagem no CAN é a mais”, conta ainda a professora.

 Depois de quase 5 horas de procissão, a Berlinda chega ao Complexo Arquitetônico de Nazaré (CAN). Na Praça Santuário, milhares de pessoas aguardam a chegada da imagem. Retirada da berlinda, a imagem é conduzida pelo arcebispo em um tapete vermelho até o altar, onde é celebrada uma missa.

A sensação de dever cumprido toma conta dos devotos, que voltam para casa para o almoço do Círio. Pedaços da corda são disputados pelos fiéis, que guardam o objeto como símbolo de proteção. Alguns guardam apenas a lembrança de um dia inesquecível e já começam a contar os dias para a chegada do próximo Círio de Nazaré.

Em 2012, a Diretoria da Festa de Nazaré estima que a procissão chegue ao seu destino por volta das 12h, no máximo 12h30. “Contamos com a ajuda dos promesseiros da corda, com essa campanha pelo não corte antecipado da corda”, afirma o diretor de procissões.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Milhares de fiéis aguardam no Vaticano a abertura do Ano da Fé (Postado por Lucas Pinheiro)

Milhares de pessoas assistem na Praça de São Pedro, no Vaticano, à abertura do Ano da Fé, no exato dia em que se completa meio século do início do Concílio Vaticano II, que mudou a cara da Igreja e a lançou ao terceiro milênio.

 A missa solene será oficiada pelo papa Bento XVI e concelebrada por 400 oficiantes, entre cardeais, arcebispos, bispos e patriarcas de Igrejas Orientais em comunhão com Roma que participam do Sínodo de Bispos para a Nova Evangelização até o próximo dia 28.

Antes do começo da missa serão lidos textos das quatro constituições - atos legislativos determinados pelo papa para definir disposições de caráter geral e permanente - aprovadas pelo Concílio Vaticano II.

Poucos minutos antes do começo da missa soarão os sinos de São Pedro e começará uma procissão semelhante à de 11 de outubro de 1962, quando os padres sinodais entraram na Basílica de São Pedro para dar início ao concílio.

Quatorze bispos que assistiram ao Concílio Vaticano II, entre eles dois brasileiros, assistem à cerimônia nesta quinta-feira (11).

O Ano da Fé inscreve-se na crise generalizada que afeta a sociedade e inclui também a fé, segundo disse recentemente o arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização.

Fisichella precisou que a crise da fé é a "expressão dramática de uma crise antropológica que deixou o homem jogado à própria sorte, confuso, só, sem uma meta à qual dirigir-se".