quarta-feira, 13 de março de 2013

Argentino Jorge Bergoglio é o papa Francisco IArgentino é escolhido como papa Francisco I


Igreja Católica tem um novo papa: cardeal argentino é escolhido



  • A Igreja Católica tem um novo papa: o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, 76, arcebispo de Buenos Aires, foi o escolhido. A fumaça branca liberada pela chaminé da Capela Sistina às 19h05 (horário local, 15h05 em Brasília) desta quarta-feira (13) mostrou que os 115 cardeais chegaram a um nome de consenso. O novo papa foi anunciado em latim, da sacada da Basílica de São Pedro, cerca de uma hora depois. O conclave começou na última terça-feira (12).
    O nome adotado pelo novo papa foi Francisco I e foi ouvido pela primeira vez por um cardeal que anunciou "habemus papam" (temos um papa) para a multidão reunida na praça. Este é o primeiro papa latino-americano e o nome adotado por ele é inédito. A escolha do cardeal foi uma surpresa, já que seu nome não figurava entre os mais cotados nos bastidores e nas casas de aposta.

    Jorge Mario Bergoglio recebeu ao menos 77 votos dos cardeais-eleitores, o que configura dois terços do total.
    A Praça de São Pedro entrou em uma explosão de comemorações depois que a fumaça branca surgiu da chaminé. Os sinos da Basílica de São Pedro repicaram dando a boa nova ao pontífice, que passou à chamada sala das lágrimas para se vestir com batina branca e sapatos vermelhos.
    As pessoas presentes na praça se abraçaram, choraram e se encaminharam à Basílica para receber o novo papa e ouvir suas primeiras palavras ao mundo como pontífice.
    A eleição do novo papa vem após a súbita e surpreendente renúncia de Bento XVI, de 85 anos. Ele deixou o cargo no último dia 28 de fevereiro, alegando não ter mais forças para liderar a Igreja, em um momento em que ela enfrenta vários problemas, dos escândalos de abusos sexuais às acusações de corrupção no Banco do Vaticano.
    O conclave anterior, de 2005, durou dois dias e levou três rodadas de votação para eleger Joseph Ratzinger como novo papa -- exatamente como a escolha deste ano.
    Processo
    Os cardeais foram trancados na Capela Sistina na tarde de terça-feira (12) depois de cada um jurar, em latim, com a mão sobre o Evangelho, que manterá segredo sobre os procedimentos e discussões do conclave.
    Em seguida, o mestre papal de cerimônias, Guido Marini, fez o anúncio de Extra omnes -- 'Todos para fora' -- o chamado para que todos os não participantes do conclave deixassem o recinto.
    Em seguida, a Capela Sistina foi trancada por fora. A partir deste momento, os cardeais passaram a comer, votar e dormir em áreas isoladas do mundo e dos meios de comunicação até terem cumprido a tarefa de escolher o novo papa.
    Aparelhos bloqueadores de sinais de celular e internet foram instalados na Capela Sistina e na Casa de Santa Marta, onde ficam os quartos em que os cardeais passaram a noite.
    *Com informações das agências

    terça-feira, 12 de março de 2013

    Do sul do Brasil a candidato a papa: a trajetória de dom Odilo


    Por BBC, BBC Brasil


    Um papa brasileiro?



    Descendente de imigrantes alemães radicados no Brasil, o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, de 63 anos, trilhou um caminho virtuoso na hierarquia da Igreja Católica. Ele está entre os mais bem cotados para suceder o agora papa emérito Bento 16, que renunciou no mês passado.



    Sétimo de 13 irmãos, Scherer nasceu em 1949 em Cerro Largo, no noroeste do Rio Grande do Sul, mas se mudou com a família com apenas dois anos para os arredores da cidade de Toledo, no oeste do Paraná.



    'As terras do Rio Grande do Sul estavam ficando muito caras, e meu avô decidiu aceitar a oferta de um terreno e partiu rumo ao oeste do Paraná, que até então era uma região pouco explorada', afirmou Ana Maria Scherer, sobrinha de dom Odilo Scherer.



    'Lá, dedicaram-se à agricultura. A família inteira trabalhava na lavoura, inclusive o tio (Scherer)', acrescentou.



    Educados em um seminário administrado por padres locais, todos os meninos abdicaram da vida religiosa, exceto Scherer, cuja vocação pelas causas da Igreja sempre pareceu mais forte do que nos demais.



    Em dezembro de 1976, aos 27 anos, foi ordenado padre em Toledo.



    Na função, foi desde reitor e professor do Seminário Diocesano de São José, em Cascavel (PR), entre 1977 e 1978, a oficial da Congregação para os Bispos na Cúria Romana, entre 1994 e 2001, quando trabalhou diretamente com o papa João Paulo 2º (1920-2005).



    Também fez mestrado e doutorado em Roma e no Brasil contribuiu para a formação de diversos jovens seminaristas.



    Em 2002, assumiu o cargo de bispo auxiliar de São Paulo, nomeado pelo então arcebispo da cidade, o cardeal dom Cláudio Hummes. A ordenação como bispo ocorreu em fevereiro de 2002, e a posse, no início de março do mesmo ano.



    Cinco anos depois, em abril de 2007, Scherer se tornou arcebispo de São Paulo, o sétimo a ocupar o cargo.



    Em novembro daquele ano, foi nomeado cardeal, o posto máximo antes do pontificado.



    A cerimônia aconteceu na Basílica de São Pedro, no Vaticano, e foi celebrada por Bento 16, a quem Odilo Scherer agora pode suceder.



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    domingo, 10 de março de 2013

    Papável brasileiro convence com carisma e naturalidade


    Renúncia e Sucessão do Papa


    Vestido quase como um Papa - com mitra dourada e casula rosada - o papável brasileiro, cardeal Odilo Pedro Scherer, convenceu neste domingo, durante a missa que celebrou em uma igreja romana, com o dom de sua palavra, sua alegria e simplicidade.



    O arcebispo de São Paulo, 63, acostumado a se dirigir a milhões de fiéis por comandar a maior diocese do mundo, poderá se tornar, esta semana, o primeiro Papa das Américas.



    Dom Odilo tem muitos pontos a seu favor para se tornar o sucessor de Bento XVI: lida bem com a imprensa, é espontâneo, poliglota, tem sangue europeu e coração brasileiro.



    Quando chegou, acompanhado de 20 religiosos, à igreja barroca de Santo André do Quirinale, uma das obras-primas da arquitetura, por sua cúpula suntuosa, Dom Odilo estava resplandecente.



    "Acho que ele tem muitas chances de se tornar Papa", disse a jovem brasileira Bianca, que assistiu à missa com o filho.



    "Para mim, ele se parece com Wojtyla (João Paulo II), tem o mesmo estilo, a mesma força. Oxalá seja eleito", comentou uma jovem italiana.



    Mais de 200 pessoas, entre elas italianos e jornalistas, encheram o templo desenhado por Bernini, com suas colunas de mármore rosadas.



    "É um momento muito bonito para a Igreja, todas as igrejas de Roma estão em festa pela presença dos cardeais. Convidamos os senhores a rezar pelo conclave", disse um sorridente dom Odilo, em um italiano perfeito, após saudar publicamente, em português, o embaixador do Brasil no Vaticano.



    O cardeal, alinhado à postura de Bento XVI contra a Teologia da Libertação, é apontado pela imprensa italiana como candidato da influente Cúria Romana.



    "É domingo da Quaresma, Deus é misericordioso com todos. É tempo de perdão, de reconciliação", disse, ao explicar a parábola de São Lucas, em tom claro, quase teatral.



    "Queremos a paz. Sem reconciliação interna e social entre os povos e as culturas, não pode haver um futuro de fraternidade e paz para a humanidade", clamou, ao concluir a homilia, que poderá ser sua última como cardeal.



    A imprensa italiana atribui a dom Odilo pelo menos 30 dos 77 votos necessários no conclave, que começa na próxima terça-feira, com a participação de 115 cardeais.



    O cardeal, que conhece as engrenagens do Vaticano, tem bons amigos entre conservadores e progressistas, e, principalmente, é do Brasil, país emergente e com o maior número de católicos no mundo, um elemento que pesa neste momento, com o governo central da Igreja tão desprestigiado por causa de escândalos.



    "Rezemos pela Igreja, que enfrenta dificuldades, rezemos pelo Papa emérito, Bento XVI, que guiou o povo de Deus com palavras e obras", pediu o cardeal brasileiro abertamente, enquanto um trio acompanhava a missa com música.



    A sóbria missa multiétnica, com religiosos de várias nacionalidades, mas que não desrespeitou os costumes, representa o que muitos hierarcas da Igreja desejam para o futuro desta instituição milenar: um equilíbrio entre o antigo e o moderno, entre a Europa e as Américas, que deixe para trás os escândalos e inicie uma nova era.



    Ao fim da missa, dom Odilo chamou ao altar Carmine e Maria, um casal de idosos italianos, para abençoá-los.



    "Completam 70 anos de casados. Que Deus os abençoe. Eu não havia nem nascido!", brincou. Ao se despedir, deixou transparecer o nervosismo: "Que Deus nos ajude, e bom domingo."



    "Eminência, é verdade que o senhor é o papável número um?", perguntou uma jornalista da TV colombiana na saída de igreja. Dom Odilo se esquivou: "A missa foi muito bonita, não é?"